quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Plágio?



































É hilariante. Vai uma pessoa escrever um post no seu próprio blog sobre a semelhança entre estes cartazes quando me deparo com as palavras do Excelentíssimo Professor Mário Moura (http://grandesarmazensdodesign.wordpress.com/2008/12/04/grandes-cabecas/#comment) e delicio-me pelo encontro intelectual de dois indivíduos geniais (Sublinhe-se que estou a ser hiperbólica ;) ) Agora a sério, vou deixar este assunto para quem tem mais voto na matéria (ou não me tivesse chumbado ele na disciplina que me leccionou, lol) , espreitem lá o que este Senhor tem a dizer que não se vão arrepender.

Que se lixem os sapatos!









Entrem neste site (http://www.cafenoir.it) e vejam as últimas campanhas publicitárias... uma delicia para os olhos.

A Cicciolina a uns metros da minha casa!


http://www.erosporto.com/portugues/home.html


é o que dá ter o ilustríssimo Pavilhão Multiusos de Gondomar aqui ao lado!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Elizabeth Mitchell (Lost) ou Carrie Anne Moss (The Matrix)?


É só impressão minha ou estas duas mulheres são incrivelmente semelhantes? Apesar de uma ser loira e a outra morena... a fisionomia do rosto... é impressionante!

sábado, 6 de dezembro de 2008

MTV Unplugged in New York


É o Acústico MTV do Nirvana, gravado em Nova Iorque. Produzido pela MTV americana, acabou lançado 7 meses após a morte de Kurt Cobain em versão CD e VHS Apenas em 2007 foi lançada a versão DVD.





  1. " About a Girl" (Cobain) - 3:37 Essa rapariga era Tracy Marander, sua namorada na época, para a qual nunca havia escrito uma música antes. A letra fala do rompimento da relação devido à recusa de Kurt em arranjar um emprego e a dividir as tarefas domésticas com Tracy, com a qual vivia. Apesar de escrita em 1988, Tracy só percebeu que a música era dedicada a ela 10 anos mais tarde.
  2. "Come as you are (Cobain) - 4:13 (Linda!)
  3. " Jesus doesn't whant me for a sunbeam" (Kelly/McKee; cover dos Vaselines - 4:37
  4. " The Man who sold the World" ( cover de David Bowie) - 4:20
  5. " Pennyroyal Tea" (Cobain) - 3:40 Pennyroyal é uma erva que, quando tomada, provoca o aborto. Algumas especulações dizem que a música era uma metáfona acerca da heróina que Cobain tomava para aliviar as suas dores de estômago, ocultando-a na letra com Pennyroyal ("Sit and drink pennyroyal tea, distill the life that's inside of me", que pode querer dizer "aborte toda a dor dentro de mim").
  6. " Dumb" (Cobain) - 2:52 De acordo com Kurt Cobain, "Dumb" foi inspirada pela inveja que ele sentia das pessoas simples e sempre bem dispostas que aparentemente passam pela vida sem que alguma vez se sintam tristes ou deprimidas. "Eu conheci imensa gente simplória", disse Cobain numa entrevista para a Melody Makers em 1993, "têm um emprego de merda, podem estar completamente sós... mas no entanto, por alguma razão, são felizes". Numa entrevista para o Chicago Sun-Times em 1993, Cobain atribuiu um significado estranho à canção. "Na verdade, essa canção é sobre uma concessão", disse. "É uma daquelas demosde 4-pistas que se gravam às tantas da madrugada", revelou. Isto foi dito em resposta à leitura de Jim DeRogatis (crítico de música Americano) de que a canção seria sobre toxicodependência.
  7. " Polly" (Cobain/Nirvana) - 3:16 Fala sobre a violação, uma das muitas coisas que Kurt Cobain abominava. Polly segue o ponto de vista do estuprador e seu primeiro verso, Polly wants a cracker (literalmente "Polly quer biscoito") alude ao diálogo que os donos de papagaio têm em inglês com suas aves de estimação.
  8. " On a Plain" (Cobain) - 3:44
  9. " Something in The Way" (Cobain) - 4:01
  10. " Plateau" (Kirkwood;cover dos Meat Puppets) - 3:38
  11. " Oh, Me" (Kirkwood;cover dos Meat Puppets) - 3:26
  12. "Lake of Fire" (Kirkwood; cover dos Meat Puppets) - 2:55
  13. " All Apologies" (Cobain) - 4:23 (Esta música dá-me arrepios)
  14. " Where Did You Sleep Last Night" ( cover de Leadbelly) - 5:08 Também conhecida como My Girl, é uma música tradicional americana de folk que remonta à década de 1870 Uma das primeiras gravações conhecidas pertence a Leadbelly .

Isto é uma anologia ao olho do cu?

Dogme 95 - http://www.dogme95.dk/


"Helge Klingenfeldt (Moritzen) e a esposa, Elsa (Neumann), oferecem uma grandiosa recepção no hotel que possuem, situado numa idílica paisagem campestre Dinamarquesa, para celebrar o sexagésimo aniversário dele. Entre os convivas contam-se os seus três filhos: Christian (Thomsen), um bem sucedido empresário, que gere alguns restaurantes em Paris; Michael (Bo Larsen), casado com Mette (Dolleris) e com três filhos, revoltado com tudo e todos; Helene (Steen), uma antropologista com tendência para coleccionar namorados de culturas diferentes. Sobre a família paira o "fantasma" de Linda, a irmã que se suicidou meses antes, por motivos ainda desconhecidos. Helene, seguindo um jogo de sinais encontrados no quarto de Linda, e as revelações de Christian, irão abalar uma atmosfera que, até certa altura, era de relativa harmonia.

«Festen» é o primeiro filme a receber o certificado Dogme 95, o qual confirma que a sua produção obedeceu a uma série de regras, que restringem a forma como o realizador pode moldar a sua obra. O objectivo é afastar o cineasta do conceito de "autor" e trazer-nos de um produto mais "real" e livre de artifícios. Como o cinema é ele próprio um artifício e o realismo nem sempre é aquilo que mais nos estimulará numa sala onde se projecta um filme (se quisermos enfrentar a realidade poupamos o preço do bilhete), desde logo se duvidou da total seriedade dos preceitos deste movimento, concebidos por Thomas Vinterberg e por Lars Von Trier, algo que também não pudemos evitar comentar no âmbito da apreciação do Dogme nº 2 «Os Idiotas», da autoria(?) deste último. Com «A Festa» temos agora a possibilidade de comparar dois filmes supostamente sujeitos às quase famosas 10 regras, e os resultados são tão diferentes, artisticamente, que parecem vir negar algo presente na declaração final - "já não sou um artista".

Vinterberg é relativamente claro quanto à importância dessas regras. Algo ironicamente, confessou uma série de transgressões ao clausulado, incluindo ter tapado uma janela com um pano preto (regra 4 - a iluminação deve ser natural) e de ter tomado conhecimento de um aumento de salário que serviu para camuflar o pagamento de um fato de Thomas Bo Larsen (regra 1 - adereços de cena não podem ser usados; devem-se usar os elementos disponíveis no local de filmagem). Além disso, o telefone celular que surge no início do filme não era do actor, mas emprestado, e num outro plano prendeu-se a câmara ao suporte de um microfone (regra 3 - a câmara deve ser sustida à mão). Ele termina a "confissão" solicitando a absolvição.

Formalmente existem enormes diferenças entre os filmes de Vinterberg e de Von Trier. Apesar dos "pecados" do primeiro, o seu filme é muito mais natural. «Os Idiotas» não extraía com grande sucesso todas as potencialidades que o conceito permitia, e o realizador quis, à força, chocar os "puritanos" (os censores Ingleses e Americanos, principalmente), com a inserção de dois curtos planos com sexo explícito, além de inserir uma série de "descuidos" - como microfones no topo da imagem, reflexos da equipe de filmagem e falhas de continuidade - com a subtileza de um elefante psicopata numa loja de cristais. Este fingimento do natural, propositado, afastava o espectador da apreciação da história, que - de acordo também com os tais princípios - deveria ser o mais importante. Vinterberg diz que as limitações trazem as suas vantagens. Sem elementos "redundantes" tem de se recorrer apenas às performances dos actores. Ele mostrou, acima de tudo, estar interessado nos seus personagens e em contar a história. Neste campo, ter-se-á beneficiado da utilização da generalidade do elenco do filme anterior de Vinterberg, «De Største Helte», (1996) (conhecido internacionalmente como «The Biggest Heroes»).

No plano estético, pouco mais se pode usar como comparação com o filme de Von Trier, para lá do acréscimo de grão na imagem sempre que a luz escasseia ou o formato de écran clássico (o que em salas Portuguesas não é propriamente relevante, porque raramente se projecta correctamente).

O filme propriamente dito, despido de todos os… "artifícios", é, no mínimo, excelente. A família perfeita vai mostrando, gradualmente, o seu lado negro. A dado momento, o espectador pode esperar quase tudo, até elementos sobrenaturais (na verdade, cenas com o fantasma da irmã falecida não foram rodadas para não se ir demasiado contra os preceitos do Dogme 95). Existem elementos de uma série de obras, já citados aqui e ali, como «O Anjo Exterminador» (1962), de Buñuel. Vinterberg assume ainda o plágio a «Fanny e Alexander» (1983) de Ingmar Bergman, enquanto refere a inspiração - talvez menos notória - de um dos seus filmes favoritos, «O Padrinho» (1972), patente nomeadamente nos personagens de Christian e Michael, em paralelo com Michael e Sonny (Al Pacino e James Caan).

Além do acima referido, se alguns personagens em abstracto quase se podem imaginar como saídos de um daqueles soft-cores de orçamento quase-zero - as criadas enroladas com os filhos do patrão, por exemplo -, e se, por outro lado, Christian a ser impedido continuamente de falar e a surpreender a audiência com cada nova investida discursiva, nos pode até levar a alguns sketches dos Monty Python, o que poderá sugerir oscilações radicais no registo - e a verdade é que há momentos em que as reacções da audiência são bastante diversas - a direcção de Vinterberg assegura uma consistência que mantém o espectador interessado até ao final, sem nunca se afastar do que é importante. Há também um certo pendor voyeurista na forma como nos permitem assistir aos "pecados" da família, reforçados pelo modo como alguns planos são filmados, com câmaras num canto do tecto, como se se tratassem de imagens provenientes do sistema de vigilância interno do hotel. (E não há aqui outro "grave" desrespeito pelas regras?)

Se o Dogme 95 serve para pôr a pessoas a falar de filmes que mais facilmente passariam despercebidos, não haveremos de ter qualquer problema com isso. É certo que um dos planos mais estimulantes do filme é aquele em que a câmara desce do tecto e enquadra a frustração no rosto de Mette. Precisamente uma das violações admitidas por Vinterberg.

De acordo com o seu "voto de castidade", Thomas Vinterberg não é creditado enquanto realizador (nem pelo seu "cameo" na pele do motorista de táxi que transporta Gbatokai, o namorado de Helene), sendo-o apenas enquanto autor da ideia original e co-escritor do guião (com Mogens Rukov)."

http://www.cinedie.com/festen.htm

O cozinheiro, O ladrão, a mulher deste e o seu amantel





O gangster Albert Spica janta todas as noites no restaurante Le Hollandais em companhia de seus subordinados e da esposa, Georgina. Cansada dos modos violentos e rudes do marido, Georgina envolve-se com um solitário frequentador do restaurante, o bibliotecário Michael. Com a cumplicidade do chefe de cozinha francês, Richard, os dois amantes fazem sexo às escondidas no WC e na despensa do restaurante, enquanto Albert devora prato após prato em sua mesa. Quando Albert descobre a traição da esposa, desfecha uma cruel vingança contra Michael, que por sua vez será vingado por Georgina. Por suas cenas de violência, escatologia e canibalismo, O Cozinheiro... recebeu nos Estados Unidos a classificação R, destinada aos filmes pornográficos. A anti-realista concepção visual de O Cozinheiro... é deslumbrante: cada ambiente do restaurante é fotografado numa cor (o salão é vermelho, o banheiro é branco, etc), e a cenografia obedece em cada um deles a um estilo pictórico diferente. O salão principal é dominado por uma reprodução do quadro "Banquete dos Oficiais da Companhia da Guarda de São Jorge", do holandês Franz Hals. E o guarda roupa é da responsabilidade de Jean Paul Gautier.

O meu nome é Ágata / TUMBA/ Zé Carlos / Gato Fedorento

http://www.youtube.com/watch?v=rN6Yy930t3A

É para ver. Chorei a rir...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Beware: Rabbits and Airplane Motor's


"C:\> ls - l

******************************************
* AFFIDAVIT for WARRANT of ARREST and DETENTION *
******************************************


Undersigned Affiant, Who After Being Duly Sworn By Me, On Oath, Makes The Following Statement:

I have good reason to believe and do believe that

Darko, Donald J. /M 05-28-72

On or About The 12th Day of January 1986, In the incorporated limits of the county of Fairfax and the State of Virginia, did then and there commit the offense of:

Attempted Escape - Class A

C:\>more ? (y/n)

My belief of the foregoing statement is based on personal knowledge. On 01-12-86 at about 3:43am I was circling the perimeter of the Clearview Juvenile Detention Center when I discovered a white male, dressed in prison clothing, asleep in the fetal position in a grass field approximately 30 yards from the nothern perimeter fence.

On arrival to the location I noticed that the subject was regaining consciousness. His clothing was torn in several places and I could see several lacerations and bleeding from his hands, arms and legs.

Clothing fragments were clearly visible in the barb wire at the top of the fencing, as it appeared to me that the suspect had climbed the fence without regard for personal injury.

As I took the subject into custody, he was cooperative and apologetic. "I'm sorry," he said. "I am so sorry, I don't understand why this happens to me. I am so sorry."

Subject claimed that he did not remember the escape attempt because of his problems with sleepwalking.

C:\>more ? (y/n)"
donniedarko.com

Tirania do Auxílio


"Veja agora bem o que isto representa... Um grupo pequeno, de gente sincera (garanto-lhe que era sincera!), estabelecido e unido expressamente para trabalhar pela causa da liberdade, tinha, no fim de uns meses, conseguido só uma coisa de positivo e concreto - a criação entre si de tirania. E repare que tirania... Não era uma tirania derivada da ação das ficções sociais, que, embora lamentável, seria desculpável, até certo ponto, ainda que menos em nós, que combatíamos essas ficções, que em outras pessoas; mas enfim, vivíamos em meio de uma sociedade baseada nessas ficções e não era inteiramente culpa nossa se não pudéssemos de todo fugir à sua ação. Mas não era isso. Os que mandavam nos outros, ou os levavam para onde queriam, não faziam isso pela força do dinheiro, ou da posição social, ou de qualquer autoridade de natureza fictícia, que se arrogassem; faziam-no por uma ação de qualquer espécie fora das ficções sociais, uma tirania nova. E era uma tirania exercida sobre gente essencialmente oprimida já pelas ficções sociais. Era, ainda por cima, tirania exercida entre si por gente cujo intuido sincero não era senão destruir tirania e criar liberdade.

``Agora ponha o caso num grupo muito maior, muito mais influente, tratando já de questões importantes e de decisões de caráter fundamental. Ponha esse grupo a encaminha os seus esforços, como o nosso, para a formação de um sociedade livre. E agora diga-me se através desse carregamento de tiranias entrecruzadas V. entrevê qualquer sociedade futura que se pareça com uma sociedade livre ou com um humanidade digna de si própria...'''

- Sim: isso é muito curioso...

- É curioso, não é?...E olhe que há pontos secundários também muito curiosos... Por exemplo: a tirania do auxílio...

- A quê?

- A tirania do auxílio. Havia entre nós quem, em vez de mandar nos outros, em vez de se impor aos outros, pelo contrário os auxiliava em tudo quanto podia. Parece o contrário, não é verdade? Pois olhe que é o mesmo. É a mesma tirania nova. É do mesmo modo ir contra os princípios anarquistas.

- Essa é boa? Em quê?

- Auxiliar alguém, meu amigo, é tomar alguém por incapaz; se esse alguém não é incapaz, é ou fazê-lo tal, ou supô-lo tal, e isto é, no primeiro caso uma tirania, e no segundo um desprezo. Num caso cerceia-se a liberdade de outrem; no outro caso parte-se, pelo menos inconscientemente, do princípio de que outrem é desprezível e indigno ou incapaz de liberdade."
O Banqueiro Anarquista, Fernando Pessoa.

O perigo da indiferença


"Hoje a minha mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei. Recebi um telegrama do asilo: "Mãe morta. Enterro amanhã. Sinceros sentimentos." Isso não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem."

Meursault vive vazio de emoções, incapaz de sentir amor, saudade, ódio, medo, ou qualquer outra emoção. A sua vida vai-se desenrolando como se ele fosse um estrangeiro, não em relação a um país, mas em relação à humanidade. No fim
o crime que comete não o leva ao fim da sua vida, o que leva ao seu fim é a falta de qualquer emoção aquando da morte da sua mãe. Mostrando-nos Camus que tudo o que fazemos num determinado momento se reflecte durante o resto da nossa vida.

A narrativa começa quando ele recebe um telegrama comunicando o falecimento da mãe, que seria enterrada no dia seguinte. Ele viaja então ao asilo onde ela morava e comparece à cerimónia fúnebre, sem, no entanto, expressar quaisquer emoções, não sendo praticamente afectado pelo acontecimento. O romance prossegue, documentando os acontecimentos seguintes na vida de Meursault que forma uma amizade com um dos seus vizinhos, Raymond Sintès, um conhecido chulo. Ele ajuda Raymond a livrar-se de uma de suas amantes árabes. Mais tarde, os dois confrontam-se com o irmão da mulher ("o árabe") em uma praia e Raymond sai ferido de zaragata com facas. Depois disso, Meursault volta à praia e, num delírio induzido pelo calor e pela luz forte do sol, dispara uma vez para o árabe causando sua morte e depois dá mais quatro tiros no corpo já morto.

Durante o julgamento a acusação concentra-se no facto de Meursault não conseguir ou não ter vontade de chorar no funeral da sua mãe. O homicídio do árabe é aparentemente menos importante do que o fato de Meursault ser ou não capaz de sentir remorsos; o argumento é que, se Meursault é incapaz de sentir remorsos, deve ser considerado um misantropo perigoso e consequentemente executado para prevenir que repita os seus crimes, tornando-o também num exemplo.

Quando o romance chega ao final, Meursault encontra o padre da prisão e fica irritado com sua insistência para que ele se volte a Deus. A história chega ao fim com Meursault reconhecendo a indiferença do universo em relação à humanidade. As linhas finais ecoam essa ideia que ele agora toma como verdadeira:


"Como se essa grande cólera tivesse lavado de mim o mal, esvaziado de esperança, diante dessa noite carregada de signos e estrelas, eu abria-me pela primeira vez à eterna indiferença do mundo. Ao percebê-la tão parecida comigo mesmo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais uma vez. Para que tudo fosse consumado, para que eu me sentisse menos só, restava-me apenas desejar que houvesse muitos espectadores no dia de minha execução e que eles me recebessem com gritos de ódio."

O Estrangeiro, Albert Camus.

O Homem, esse grande animal!



"Mudámos a nossa maneira de ver. Não derivamos mais o homem do “espírito”, do “desejo de Deus”; rebaixamos o homem a um mero animal. Consideramo-nos o mais forte entre eles porque é o mais astuto; um dos resultados disso é sua intelectualidade. Em contrapartida, defendemo-nos contra este conceito: de que o homem é o grande objetivo da evolução orgânica. Em verdade, pode ser qualquer coisa, menos a coroa da criação: ao lado dele estão muitos outros animais, todos em similares estágios de desenvolvimento... E mesmo quando dizemos isso, exageramos, pois o homem, relativamente falando, é o mais corrompido e doentio de todos os animais, o mais perigosamente desviado de seus instintos – apesar disso tudo, com certeza, continua a ser o mais interessante! – No que concerne aos animais inferiores, foi Descartes quem primeiro teve a admirável ousadia de descrevê-los como uma machina(1); toda a nossa fisiologia é um esforço para provar a veracidade dessa doutrina. Entretanto, é ilógico colocar o homem à parte, como fez Descartes: todo o conhecimento que temos sobre o homem aponta precisamente ao que o consideramos: uma máquina. Antigamente, concedíamos ao homem, como herança de algum tipo de ser superior, o que se denominava “livre-arbítrio”; agora lhe retiramos até essa vontade, pois o termo não descreve qualquer coisa que possamos compreender. A velha palavra “vontade” designa agora apenas um tipo de resultado, uma reação individual, que se segue inevitavelmente de uma série de estímulos parcialmente discordantes e parcialmente harmoniosos – a vontade não mais “age” ou “movimenta”... Antigamente pensava-se que a consciência humana, seu “espírito”, era uma evidência de sua origem superior, de sua divindade. Aconselharam-no que, para que se tornasse perfeito, assim como a tartaruga, recolhesse seus sentidos em si mesmo e não tivesse mais contato com coisas terrenas, para escapar de seu “envoltório mortal” – assim apenas restaria sua parte importante, o “puro espírito”. Aqui também pensamos melhor sobre o assunto: para nós a consciência, ou “o espírito”, aparece como um sintoma de uma relativa imperfeição do organismo, como uma experiência, um tactear, um equívoco, como uma aflição que consome força nervosa desnecessariamente –negámos que qualquer coisa feita conscientemente possa ser feita com perfeição. O “puro espírito” é uma pura estupidez: retire o sistema nervoso e os sentidos, a chamada “embalagem mortal”, e o resto é um erro de cálculo – isso é tudo!..."

1 – Máquina.

O Anticristo, Nietzsche. (capítulo XIV)

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Olá. Chamo-me Maria. Obrigado por visitar meu cantinho de luxos! Sou fashionista desde que me lembro e este é o meu blog. É um blog sobre estilo, sobre a vida, sobre o meu trabalho e sobre tudo o que me inspira a criar. Sou do Porto e nasci em 87. Sou dinâmica e sonhadora e para além da moda tenho uma empresa de Cake Design. Já criei outras como a Kitsune Sucrée de consultoria de imagem e o Vila Real Canal, um canal de tv online. Estudei Design na Faculdade de Belas Artes do Porto e Gestão Hoteleira na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto. Sou também uma entusiasta dos trabalhos manuais, ilustradora e escritora de romances e livros infantis.