quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Beware: Rabbits and Airplane Motor's


"C:\> ls - l

******************************************
* AFFIDAVIT for WARRANT of ARREST and DETENTION *
******************************************


Undersigned Affiant, Who After Being Duly Sworn By Me, On Oath, Makes The Following Statement:

I have good reason to believe and do believe that

Darko, Donald J. /M 05-28-72

On or About The 12th Day of January 1986, In the incorporated limits of the county of Fairfax and the State of Virginia, did then and there commit the offense of:

Attempted Escape - Class A

C:\>more ? (y/n)

My belief of the foregoing statement is based on personal knowledge. On 01-12-86 at about 3:43am I was circling the perimeter of the Clearview Juvenile Detention Center when I discovered a white male, dressed in prison clothing, asleep in the fetal position in a grass field approximately 30 yards from the nothern perimeter fence.

On arrival to the location I noticed that the subject was regaining consciousness. His clothing was torn in several places and I could see several lacerations and bleeding from his hands, arms and legs.

Clothing fragments were clearly visible in the barb wire at the top of the fencing, as it appeared to me that the suspect had climbed the fence without regard for personal injury.

As I took the subject into custody, he was cooperative and apologetic. "I'm sorry," he said. "I am so sorry, I don't understand why this happens to me. I am so sorry."

Subject claimed that he did not remember the escape attempt because of his problems with sleepwalking.

C:\>more ? (y/n)"
donniedarko.com

Tirania do Auxílio


"Veja agora bem o que isto representa... Um grupo pequeno, de gente sincera (garanto-lhe que era sincera!), estabelecido e unido expressamente para trabalhar pela causa da liberdade, tinha, no fim de uns meses, conseguido só uma coisa de positivo e concreto - a criação entre si de tirania. E repare que tirania... Não era uma tirania derivada da ação das ficções sociais, que, embora lamentável, seria desculpável, até certo ponto, ainda que menos em nós, que combatíamos essas ficções, que em outras pessoas; mas enfim, vivíamos em meio de uma sociedade baseada nessas ficções e não era inteiramente culpa nossa se não pudéssemos de todo fugir à sua ação. Mas não era isso. Os que mandavam nos outros, ou os levavam para onde queriam, não faziam isso pela força do dinheiro, ou da posição social, ou de qualquer autoridade de natureza fictícia, que se arrogassem; faziam-no por uma ação de qualquer espécie fora das ficções sociais, uma tirania nova. E era uma tirania exercida sobre gente essencialmente oprimida já pelas ficções sociais. Era, ainda por cima, tirania exercida entre si por gente cujo intuido sincero não era senão destruir tirania e criar liberdade.

``Agora ponha o caso num grupo muito maior, muito mais influente, tratando já de questões importantes e de decisões de caráter fundamental. Ponha esse grupo a encaminha os seus esforços, como o nosso, para a formação de um sociedade livre. E agora diga-me se através desse carregamento de tiranias entrecruzadas V. entrevê qualquer sociedade futura que se pareça com uma sociedade livre ou com um humanidade digna de si própria...'''

- Sim: isso é muito curioso...

- É curioso, não é?...E olhe que há pontos secundários também muito curiosos... Por exemplo: a tirania do auxílio...

- A quê?

- A tirania do auxílio. Havia entre nós quem, em vez de mandar nos outros, em vez de se impor aos outros, pelo contrário os auxiliava em tudo quanto podia. Parece o contrário, não é verdade? Pois olhe que é o mesmo. É a mesma tirania nova. É do mesmo modo ir contra os princípios anarquistas.

- Essa é boa? Em quê?

- Auxiliar alguém, meu amigo, é tomar alguém por incapaz; se esse alguém não é incapaz, é ou fazê-lo tal, ou supô-lo tal, e isto é, no primeiro caso uma tirania, e no segundo um desprezo. Num caso cerceia-se a liberdade de outrem; no outro caso parte-se, pelo menos inconscientemente, do princípio de que outrem é desprezível e indigno ou incapaz de liberdade."
O Banqueiro Anarquista, Fernando Pessoa.

O perigo da indiferença


"Hoje a minha mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei. Recebi um telegrama do asilo: "Mãe morta. Enterro amanhã. Sinceros sentimentos." Isso não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem."

Meursault vive vazio de emoções, incapaz de sentir amor, saudade, ódio, medo, ou qualquer outra emoção. A sua vida vai-se desenrolando como se ele fosse um estrangeiro, não em relação a um país, mas em relação à humanidade. No fim
o crime que comete não o leva ao fim da sua vida, o que leva ao seu fim é a falta de qualquer emoção aquando da morte da sua mãe. Mostrando-nos Camus que tudo o que fazemos num determinado momento se reflecte durante o resto da nossa vida.

A narrativa começa quando ele recebe um telegrama comunicando o falecimento da mãe, que seria enterrada no dia seguinte. Ele viaja então ao asilo onde ela morava e comparece à cerimónia fúnebre, sem, no entanto, expressar quaisquer emoções, não sendo praticamente afectado pelo acontecimento. O romance prossegue, documentando os acontecimentos seguintes na vida de Meursault que forma uma amizade com um dos seus vizinhos, Raymond Sintès, um conhecido chulo. Ele ajuda Raymond a livrar-se de uma de suas amantes árabes. Mais tarde, os dois confrontam-se com o irmão da mulher ("o árabe") em uma praia e Raymond sai ferido de zaragata com facas. Depois disso, Meursault volta à praia e, num delírio induzido pelo calor e pela luz forte do sol, dispara uma vez para o árabe causando sua morte e depois dá mais quatro tiros no corpo já morto.

Durante o julgamento a acusação concentra-se no facto de Meursault não conseguir ou não ter vontade de chorar no funeral da sua mãe. O homicídio do árabe é aparentemente menos importante do que o fato de Meursault ser ou não capaz de sentir remorsos; o argumento é que, se Meursault é incapaz de sentir remorsos, deve ser considerado um misantropo perigoso e consequentemente executado para prevenir que repita os seus crimes, tornando-o também num exemplo.

Quando o romance chega ao final, Meursault encontra o padre da prisão e fica irritado com sua insistência para que ele se volte a Deus. A história chega ao fim com Meursault reconhecendo a indiferença do universo em relação à humanidade. As linhas finais ecoam essa ideia que ele agora toma como verdadeira:


"Como se essa grande cólera tivesse lavado de mim o mal, esvaziado de esperança, diante dessa noite carregada de signos e estrelas, eu abria-me pela primeira vez à eterna indiferença do mundo. Ao percebê-la tão parecida comigo mesmo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais uma vez. Para que tudo fosse consumado, para que eu me sentisse menos só, restava-me apenas desejar que houvesse muitos espectadores no dia de minha execução e que eles me recebessem com gritos de ódio."

O Estrangeiro, Albert Camus.

O Homem, esse grande animal!



"Mudámos a nossa maneira de ver. Não derivamos mais o homem do “espírito”, do “desejo de Deus”; rebaixamos o homem a um mero animal. Consideramo-nos o mais forte entre eles porque é o mais astuto; um dos resultados disso é sua intelectualidade. Em contrapartida, defendemo-nos contra este conceito: de que o homem é o grande objetivo da evolução orgânica. Em verdade, pode ser qualquer coisa, menos a coroa da criação: ao lado dele estão muitos outros animais, todos em similares estágios de desenvolvimento... E mesmo quando dizemos isso, exageramos, pois o homem, relativamente falando, é o mais corrompido e doentio de todos os animais, o mais perigosamente desviado de seus instintos – apesar disso tudo, com certeza, continua a ser o mais interessante! – No que concerne aos animais inferiores, foi Descartes quem primeiro teve a admirável ousadia de descrevê-los como uma machina(1); toda a nossa fisiologia é um esforço para provar a veracidade dessa doutrina. Entretanto, é ilógico colocar o homem à parte, como fez Descartes: todo o conhecimento que temos sobre o homem aponta precisamente ao que o consideramos: uma máquina. Antigamente, concedíamos ao homem, como herança de algum tipo de ser superior, o que se denominava “livre-arbítrio”; agora lhe retiramos até essa vontade, pois o termo não descreve qualquer coisa que possamos compreender. A velha palavra “vontade” designa agora apenas um tipo de resultado, uma reação individual, que se segue inevitavelmente de uma série de estímulos parcialmente discordantes e parcialmente harmoniosos – a vontade não mais “age” ou “movimenta”... Antigamente pensava-se que a consciência humana, seu “espírito”, era uma evidência de sua origem superior, de sua divindade. Aconselharam-no que, para que se tornasse perfeito, assim como a tartaruga, recolhesse seus sentidos em si mesmo e não tivesse mais contato com coisas terrenas, para escapar de seu “envoltório mortal” – assim apenas restaria sua parte importante, o “puro espírito”. Aqui também pensamos melhor sobre o assunto: para nós a consciência, ou “o espírito”, aparece como um sintoma de uma relativa imperfeição do organismo, como uma experiência, um tactear, um equívoco, como uma aflição que consome força nervosa desnecessariamente –negámos que qualquer coisa feita conscientemente possa ser feita com perfeição. O “puro espírito” é uma pura estupidez: retire o sistema nervoso e os sentidos, a chamada “embalagem mortal”, e o resto é um erro de cálculo – isso é tudo!..."

1 – Máquina.

O Anticristo, Nietzsche. (capítulo XIV)

Follow this blog with bloglovin

Follow Pontos nos Is
<!--BEGIN HYPE WIDGET--><script src="http://ajax.googleapis.com/ajax/libs/jquery/1.4.2/jquery.min.js" type="text/javascript"></script><script src="http://lookbook.nu/look/widget/2151105.js?include=all&size=medium&style=button&align=right"></script><div id="hype_container_2151105"></div><!--END HYPE WIDGET-->

Seguidores

Acerca de mim

A minha foto
Olá. Chamo-me Maria. Obrigado por visitar meu cantinho de luxos! Sou fashionista desde que me lembro e este é o meu blog. É um blog sobre estilo, sobre a vida, sobre o meu trabalho e sobre tudo o que me inspira a criar. Sou do Porto e nasci em 87. Sou dinâmica e sonhadora e para além da moda tenho uma empresa de Cake Design. Já criei outras como a Kitsune Sucrée de consultoria de imagem e o Vila Real Canal, um canal de tv online. Estudei Design na Faculdade de Belas Artes do Porto e Gestão Hoteleira na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto. Sou também uma entusiasta dos trabalhos manuais, ilustradora e escritora de romances e livros infantis.